TECNOLOGIA DE PONTA AO SERVIÇO DA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
Estes sofisticados dispositivos de telemetria surgem no contexto de uma parceria entre a Universidade de East Anglia (UEA), a British Trust for Ornithology (BTO), o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), Universidade do Porto (U.Porto), o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3C) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa).
TECNOLOGIA AVANÇADA EM DISPOSITIVOS AUTÓNOMOS
Estes dispositivos foram desenhados com vista a permitir aos investigadores e especialistas em conservação da natureza a recolha de informação detalhada acerca da posição e comportamento de várias espécies de animais. Os primeiros testes foram desenvolvidos utilizando aves e os resultados são surpreendentes.
Recorrendo a tecnologia GPS e outros sensores, a informação é transmitida remotamente através da rede de telemóvel, sendo por isso dispensável a recaptura do animal para recolher os dados, um procedimento que muitos equipamentos de seguimento remoto exigem. Outra grande vantagem reside no pequeno tamanho dos aparelhos, viabilizando o seguimento de muitas espécies de aves. Para além disso, possuem um sistema de energia solar avançado, que lhe atribui grande autonomia mesmo em situações de limitada luz solar.
ACESSO RÁPIDO E EFICAZ A INFORMAÇÃO DETALHADA
“Comecei a usar estes dispositivos para perceber as alterações no comportamento migratório de algumas aves, como as cegonhas que deixaram de migrar para África e que preferem ficar na Europa durante todo o ano. A informação recolhida é essencial para perceber as razões por trás destas mudanças de comportamento”, refere Aldina Franco, professora de Ecologia na UEA. Estes aparelhos possibilitam a monitorização de um maior número de aves, como cegonhas em Portugal ou gaivotas no Reino Unido. “Podemos ainda estudar os movimentos de outras espécies urbanas, o impacto de parques eólicos no comportamento e na sobrevivência das aves, assim como avaliar o sucesso de projetos de conservação”, conclui.
João Paulo Silva, investigador do CIBIO-InBIO e do cE3c frisa que “os dispositivos podem monitorizar animais com dimensões reduzidas, do tamanho de uma gaivota, com cerca de 600g, transmitindo informação precisa não só da sua localização mas também da aceleração do equipamento em diferentes orientações naquele momento, o que nos permite identificar o comportamento dos animais. Assim, podemos até saber quando e onde é que o animal se está a alimentar, por exemplo! Desta forma, temos acesso privilegiado à informação até 12 meses, o tempo de vida do aparelho, enquanto estamos sentados em frente ao computador.”
UM FUTURO COM MAIS INFORMAÇÃO
Além de pequenos, leves e eficientes, estes aparelhos são produzidos à medida através da página oficial da BTO. Apresentam o preço mais competitivo do mercado, sendo altamente eficazes para monitorizar espécies muito difíceis de recapturar. No futuro, este tipo de tecnologia será especialmente útil para a investigação e monitorização de espécies, uma vez que a barreira do custo deste tipo de equipamentos deixará de ser tão significativa. “O número de projectos relacionados com o estudo dos movimentos de espécies tem vindo a crescer exponencialmente nos últimos anos e estima-se que em 2015, 1500 aves no Reino Unido tenham sido monitorizadas através de dispositivos de seguimento remoto”, enaltece Phil Atkinson da BTO acrescentando que “a procura de dispositivos pequenos e leves tem sido elevada pelo que os aparelhos da Movetech Telemetry vão permitir aos investigadores recolher mais informação e responder a ainda mais questões que no passado”.
Imagens:
Figura 1. Águia Imperial Ibérica. Créditos: Roberto Sanchez.
Figura 2. Lince Ibérico. Créditos: Carlos Carrapato.
Figura 3. Gaivota de Audouin. Créditos: Pedro Rodrigues.
SOBRE A EQUIPA MOVETECH TELEMETRY
João Paulo Silva coordena a componente científica e de desenvolvimento de software do Movetech Telemetry. Doutorado em Biologia com especialização em Ecologia por Ciências ULisboa, é membro da equipa da Cátedra REN em Biodiversidade. Atualmente é investigador associado do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), membro do Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves” (CEABN), que também integra a Rede de Investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva (InBIO) e ainda investigador pós-doutorado do cE3c.
Aldina Franco, professora e investigadora na Universidade de East Anglia, é a coordenadora geral do projeto, ao nível de investigação e desenvolvimento.
Phil Atkinson, da British Trust for Ornithology, é o responsável pelas componentes de design e inovação do projeto.
Página oficial Movetech Telemetry
SOBRE AS ENTIDADES ENVOLVIDAS NO PROJECTO MOVETECH TELEMETRY
CIBIO-InBIO | Página oficial
cE3c | Página oficial
UEA | Página oficial
BTO | Página oficial